quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Cair da Noite

Cair da noite,
Escuridão tardia,
Na espreita de uma sombra
Para o segredo em fim revelar,
Aguçados, mexidos, imersos.
O conforto do silêncio, quebrado pelo desconcertante desejo.
A beleza desta humanidade mortal tão despida
Arranca-me os tecidos sem os dedos;
A boca, hora cor de carmim, hora branca pela ausência de sangue.
O delírio invadindo meus poros, minha sanidade fugindo pelo suor.
Minhas mãos tateando sem sucesso aquilo que não se pode apalpar.
Tal como a cortesã, que tem em sua carne o templo.
Fui prostituída pelo desejo de ser tua,
Dar-te minha carne como templo.
As figuras do imaginário nunca foram tão ricas e provocativas.
Zombam das limitações convencionais.
Ignoram a carcaça do corpo que se tornou pesada.
Maltratam, machucam, deliciam-se.
Tonta, salivo minha pele, implorando para que a distância se encurte.
Teus olhos atentos procuram em mim os efeitos de tua presença.
Raiar do dia,
Luminosidade vital,
Luz que expõe os resquícios da surdina.
A cortesã junta suas peças do chão, se prepara para a partida a francesa.
Com os passos exaustos, te avalia e sorri.
Encontramos o lugar, onde ninguém desconfia do que temos de mais sujo.
Dentro de ti estou segura.


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