terça-feira, 24 de abril de 2012

Silêncio.

Hoje não é dia de rima, nem de poesia e versos sensíveis. Hoje é dia de verdade, daquelas que de tão honestas dilaceram qualquer tentativa de justifica-la. Sim porque, essas são tipo que desconforta o sujeito, sacode as bases e te convoca a pensar e aí eu me pergunto quem quer pensar?
Quando eu era pequena minha avó dizia alguns ditados interessantes, daqueles que a maioria de nós também costumava ouvir dos mais antigos. Havia dias que eu ia visita-la e tentava fazer um pequeno resumo do que tinha acontecido na minha semana, ou seja, contava as emoções de ser uma aluna de fundamental e ela escutava atentamente, parecendo se deliciar com cada nuance do meu semblante, que se alterava com os fatos. Certa vez fui visita-la enraivecida, naquele dia eu tinha experimentado pela primeira vez, que eu pudesse me recordar, uma decepção e foi uma decepção daquelas dolorosíssimas, que envolvia a melhor amiga e o amor platônico. Por tanto, eu estava arrasada, injustiçada, experimentando pela primeira vez o tal do coração partido, com vontade de esbravejar com o mundo, desejando secretamente que um raio caísse na cabeça dos traidores, aliás, nem tão secretamente. Foi então que minha avó me disse: “Minha filha, não faça nada, o mau se destrói sozinho, tudo o que fazemos de ruim retorna pra nós porque aqui fazemos e aqui pagamos! Aquiete seu coração, e siga seu caminho”. Dá pra imaginar que quando se tem onze anos é difícil absorver tais palavras, existia dentro de mim uma ansiedade e mais do que isso uma necessidade humana de vê-los sofrer da mesma forma que eu estava sofrendo, se o mundo iria fazê-los pagar tinha que ser logo.
Os anos se passaram, a idade veio e com ela o amadurecimento. E então eu entendi o que significava a frase da minha avó. Quando eu era criança, parecia uma frase mística até divina, aonde o destino iria se responsabilizar por quitar as dívidas de alguém, ou Deus o faria. Há quem ainda acredite, embora me pareça um pensamento mágico e uma forma de nos pouparmos de tal aborrecimento. Acontece que cada atitude gera uma reação, alguém que prática um determinado mau, não o faz só porque se irritou com os seus lindos olhos, faz porque isso é algo permitido dentro da construção do seu caráter ou da falta dele. Por tanto as atitudes consideradas negativas vão continuar sendo executadas por essa pessoa para além de você e em algum momento outra pessoa irá reagir. Dessa forma, ainda acho mais adequado o termo, “colhemos o que plantamos” do que “Aqui se faz, aqui se paga” Paga pra quem? Paga por quê? É como se ao fazer essa afirmativa, estivéssemos tirando o direito do sujeito de se implicar no que ele faz, ele não paga simplesmente porque outro sujeito não aprova a sua conduta, ele colhe exatamente o que ele semeou e cultivou durante as experiências da sua vida. Afinal de contas, não se pode plantar uvas e querer colher maçãs.