terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Flor de Lotus

Foi crescendo torto como trepadeira
Rameando-se entre as frestas de um muro de jardim
Impregnando a alma de uma sufocante e verde calmaria
Lugar ambíguo, onde as asas criam raízes

Mazelas de uma vida milimetricamente expostas pela falta de bom senso
O muro posto a baixo como o de Berlim
Lodo por todos os lados
A dor refletida na lama, no engodo, na cama

Da cama fez-se ilha
Com pés de fora era possível sentir a lama entre os dedos
Medo degustado pouco a pouco, digesto
Andaram lentamente, até submergir

Emergiram juntos e limpos
Como Flor de Lotus
Amaram-se por toda a vida de um devir
Encantaram-se com a beleza que brotou do lodo

Descobriu-se a aventura de crer
Com a certeza que o que é bom, dura o tempo exato para ser sempre pouco
Entre um suspiro e o mergulho
E não há redoma no mundo que proteja a flor de lótus de si mesma


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